Dos Pés à Cabeça / De norte a sul / De ponta a ponta / do início ao fim



Qual é a música? Posso saber? (parte 1)


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De ontem pra hoje eu dormi com um cara, de quem eu gosto... E acho que descobri que ele também gosta de mim...

Hoje, quando eu cheguei na casa dele, tinha uma guria degolada... Vizinha...

Ontem eu quebrei uma garrafa na cabeça dele... E ele me beijou...

Vou tentar colocar minha cabeça em ordem... Foi bem assim...

Eu e o pessoal da Faculdade estávamos numa pizzaria... Não, restaurante... E...

Não... Antes...

Eu recebi um vaso de flores... Um vaso mesmo... Foram até o meu apartamento com um lindo arranjo de flores dentro de uma privada... A coisa mais escrota do mundo... Foi o que minha irmã disse... Eu achei o máximo...

Mas não tinha bilhete... E eu deduzi logo: Foi o Alfredo... Ele tá dando em cima de mim há dois meses... Acha que eu tô fazendo charme... Mas eu não quero nada mesmo... É que tirando a idéia da privada... Nada nele me atrai... Pelo contrário...

Levei pro meu quarto... Minha mãe falou "Que horror" quando eu passei pelo corredor puxando a cordinha... É que a privada tava em cima de uma estrutura, e tinha umas rodinhas...

Minha irmã me deu um sanduíche de pão de forma... Desses com apresuntado e queijo fatiados... Comi... Ela perguntou se eu sabia quem era... Falei que foi o Alberto... Pensei que ela estivessa falando de quem me deu as flores... Mas ela queria saber de outra coisa... E não entendeu do que eu estava falando...

Aí meu celular tocou... Eu fui atender e tinha caído... Futucando pra ver quem é, descobri que o João tinha ligado... Mas eu não atendi ligação do João hoje de manhã, pensei... João Pedro... É uma gracinha... Pena que seja Gay... Na verdade... Eu gosto mesmo é do melhor amigo dele, que eu acho que não é gay... Ele é tão fofo que é o melhor amigo do João mesmo sabendo que ele é gay...

Nenhum dos meninos que sabem que algum outro menino é gay mantém amizades... Só o meu fofo... Que também é meu amigo, e se ficar sabendo que eu gosto dele, eu morro de tão vermelha... Sei que é adolescente pra caralho... Mas às vezes eu sou assim...

Só que o meu fofo me ignora... Quer dizer... Ele me trata muito bem... Mas trata a todos e TODAS muito bem... Acho que é só por educação... Apesar de estudarmos juntos há um ano e meio, e de convivermos diariamente e sairmos junto com a galera sempre... Bem... Às vezes acho que sou tão melhor amigo dele quanto o João... Mas é pouco, eu quero é beijo de língua...

Aí eu perguntei "Mãe, a senhora que recebeu ligação do Jão?", e minha irmã, do banheiro "FUI EU!"... E minha mãe "Que Jão?", e minha irmã "O Bichinha"... E eu belisquei minha irmã quando ela saia do banheiro: "Olha como fala, Viada!"...

Minha irmã acha que eu sou apaixonada pelo Jão... Aí eu dou corda pra ela continuar achando...

"Desculpa falar assim do pedroca", ela disse, irônica... "Eu te perdôo", respondi, impondo as mãos sobre sua cabeça... Aí ela riu e disse que o "Pedroca" Queria me chamar pra pizzaria...E eu, "Iá... Não era Restaurante?"... "Ah! É!.. Restaurante..."

Aí eu disse que ele já tinha me chamado, e ela fez uma careta, e fechou "Bem, foi isso...", indo pro quarto dela...

Aí eu liguei pro Jão... Não atendeu... Aí eu liguei pra casa do meu fofo, pra ver se o Jão tava lá... E ele não atendeu... E ele não tem celular...

Usei o Jão como desculpa... Só com um motivo que eu crio coragem pra ligar pra ele... Pro meu fofo... É que ele tem uma voz tão bonita... Eu só tenho coragem pra escrever cartas... Anônimas...

Dessa vez foi um Rimbaud:

"Ma Bohème
(Fantasie)

Je m' en allais, les poings dans mes poches crevées;
Mon paletot aussi devenait idéal;
J' allais sous le ciel, Muse! et j' étais ton féal;
Oh! là là! que d' amours splendides j' ai rêvées!

Mon unique culotte avait un large trou.
- Petit-Poucet rêveur, j' égrenais dans ma course
Des rimes. Mon auberge était à la Grande-Ourse.
- Mes étoilles au ciel avaient un doux frou-frou.

Et je les écoutais, assis au bord des routes,
Ces bons soirs de septembre où je sentais des gouttes
De rosée à mon front, comme un vin de vigueur;

Où, rimant au millieu des ombres fantastiques,
Comme des lyres, je tirais des élastiques
De mes souliers blessés, un pied près de mon coeur!"

Peguei da Internet... Não são declarações de amor... Mas acho esse cara a minha cara... Acho que ele é francês, porque os originais são em francês... Mas eu catei a tradução também...

"Minha Boêmia
(Fantasia)

Lá ia eu, de mãos nos bolsos descosidos;
Meu paletó também tornava-se ideal;
Sob o céu, Musa! Eu fui teu súdito leal;
Puxa vida! A sonhar amores destemidos!

O meu único par de calças tinha furos.
- Pequeno Polegar do sonho ao meu redor
Rimas espalho. Albergo-me à Ursa Maior.
- Os meus astros nos céus rangem frêmitos puros.

Sentado, eu os ouvia, à beira do caminho,
Nas noites de setembro, onde senti tal vinho
O orvalho a rorejar-me as fronte em comoção;

Onde, rimando em meio à imensidões fantásticas,
Eu tomava, qual lira, as botinas elásticas
E tangia um dos pés junto ao meu coração!"

Legal, esse tal de Rimbaud... RambÔ, Eu só lembro do nome dele porque é "Rambo" com acento... La na Universidade tem cursinho de francês... Mas eu sou preguiçosa...

Mando em francês porque meu fofo faz o curso... Ele deve ao menos conseguir traduzir...

Aí, sem conseguir falar com o Jão, deixei pra lá... Afinal, minha irmã já tinha me contado... Eu só queria mesmo era motivo pra ligar para a casa de meu fofo...

Mas eu estava triste... Ele não iria ao restaurante... Tinha problemas para resolver, e não me cabia o que era... Nem tive coragem de perguntar... Na verdade eu queria ir com ele até o restaurante... Pedi pra ele me buscar aqui... Ele disse que não daria... Que triste...

Pensei que ele pudesse estar querendo se livrar de mim, mas isso me magoaria profundamente... Vindo dele, ao menos... Ele é a pessoa mais fofa do mundo... E uma atitude dessas não seria nem um pouco fofa...

Aí meu celular toca... Beatriz... Me chama de irmã, porque ela é hippie e acha que somos todos irmãos... A primeira vez que fumei maconha foi com ela... Me falavam que Hippie só faz fumar maconha... Não sei se é verdade ou generalização tola... Mas a Beatriz só sabe fumar maconha e desejar a paz a todos os serezinhos do universo...

Eu acho que a Beatriz é lésbica... Mas acho que ela e o Jão formariam um belo casal... Ele é simpático, um amor de pessoa, e vive reclamando que ninguém no mundo entende as suas teorias... Meu fofo ri muito dele, mas é na brincadeira... Mas pra ser sencero, eu acho que o Jão, no fundo, quer mesmo alguém que tope ficar horas e horas conversando sobre o Bob Dylan... E a Beatriz adora o Bob... Os dois... O Dylan e o Marley...

A Beatriz me chamou pra uma festa dumas amigas dela... Eu falei que não dava, porque marquei com o pessoal da facul... Se ela não tivesse compromisso, eu a chamaria... Meu fofo não vai, mas o João Pedro, sim...

Desisti de ser cupida e decidi de última hora que talvez fosse pra festa dela... Eu sei que só vão estar as amigas delas, que são quase todas lésbicas... As que não são, são como a Beatriz... Que eu não tenho certeza...

Eu já beijei uma colega da Beatriz... Num dia que elas duas e mais uma outra menina dormiram aqui em casa... Eu era novinha, e estudava junto com a Bia... No outro dia a menina deixou um monte de bilhetinhos no espelho de meu guarda roupa!..

Foi a coisa mais linda que eu já recebi, e eu a beijei mais uma vez...

Mas depois disso nunca mais... E se a Bia não for lésbica, ela deve achar que eu sou...

Liguei de volta pra Bia... Falei que talvez fosse, ela falou que era só chegar no lugar que logo liberariam a minha entrada... Uh! Sou VIP!

Aí eu decidi mandar uma mensagem pro gracinha do Jão: "Não sei se eu vou hoje a noite, Clau"... Se eu não aparecer, ele explica...

Nem ia ter graça mesmo, sem o meu fofo lá... Aiai... Mais adolescente, impossível... Saí pra pôr a carta nos correios... No caminho, entrei numa loja de flores... Encontrei a Bia lá, comprando incensos...

"E aê, Irmã?", disse ela... Aí eu respondi que tava caçando umas flores... "Pro teu fofo?", disse ela... Aí eu disse que não, e contei da privada... Aí ela disse que o Alfredo é um escroto... Aí eu falei que gostei... Aí ela disse "É, eu sei... Você é mais escrota que ele...", e a gente riu...

Aí a gente saiu da loja de mãos dadas, e ela foi até a agência dos correios comigo...

"Outra carta pro teu fofo?"... Outro RambÔ, respondi... Ela também gosta de Rimbaud... E sabe um pouco de francês, por causa do pai dela, que trabalhou treze anos na frança...

Comprei um envelope e um selo... Ele mora tão perto de mim e as minhas cartas sempre levam três a cinco dias para chegar lá... Chegou mensagem do Jão: "Tua irmã te deu o recado?"... Mandei outra dizendo que sim... Aí a Beatriz foi lá pra casa comigo...

Como a gente sempre anda de mãos dadas, minha irmã deve achar que eu sou lésbica também... Acho que ela acha que o "Pedroca" me curaria dessa "doença"... Irônicamente, acho que ela acha isso...

MInha irmã é a pessoa mais homofóbica da galáxia... Chegou até a me perguntar uma vez, no meio de uma briga, como é que eu conseguia ter tanto amigo bicha e sapatão... Aí eu falei que também sou "Bicha e Sapatão", e ela não entendeu o que eu quis dizer com aquilo...

Agora ela acha que eu sou bicha e sapatão porque eu namoro a Bia e quero catar o Jão... Bem, eu acho que ela acha isso...

Quando ela viu a Bia comigo, gritou: "O Alfredinho te ligou"... Tese minha: Ela acha que a Bia tem ciúmes do Alfredo, e fala dele sempre que a Bia tá aqui só pra "fazer ciúmes" nela... Porque sempre que a Bia tá aqui, minha irmã fala do Alfredo...

A Beatriz nem Tchum... Fomos pro meu quarto e eu tranquei a porta por dentro... MInha irmã vai ouvir o barulho da chave e pensar que a gente vai trepar... Adoro isso...

Deu a louca e eu perguntei "Bia, quer um namorado?"... Ela riu e disse que sim, porque? Aí eu falei que conhecia um guri que se amarrava em Bob Dylan e que curtia incenso tanto quanto ela... Aí ela riu... Aí eu falei que só tinha um probleminha... Um desafio na conquista, porque ele era gay... Aì ela riu mais... Eu pensei "Ela não levou a sério", aí ela disse que adora desafios... Aí fui eu quem não levou a sério...

Aí a gente ficou jogando gamão e fumando maconha... Eu perdi quase todas, como sempre... Depois ela fez umas trancinhas no meu cabelo e a gente saiu... Eu disse que tava em dúvida entre ir ao restaurante ou ir pra festa das amigas dela... Aí ela falou que era melhor eu ior pro restaurante que ia encontrar "meu fofo"... E riu quando disse "meu fofo"... Aí eu falei que ele não ia... Aí ela disse, então vem comigo... Aí eu falei que o Jão iria... E ela disse que era pra eu ir ao restaurante e falar pro Jão que tinha uma amiga minha querendo conhecer ele... "Se for aquele menino da foto mesmo, pode falar que eu quero casar"... A gente ficou rindo horrores...

Eu falei que tinha dito pro Jão que talvez não iria, e que tinha quase certeza de que meu fofo já sabia que eu não estaria lá... Falei do medo de Ir, encontrar ele lá e descobrir que ele tava mesmo querendo se livrar de minha presença... Ela falou pra eu largar de ser boba, que se ele tinha dito que não ia, era porque não poderia ir mesmo... Aí repetiu aquela ladainha de que "Uma menina como você, tão decidida... Não entendo como fica tanto tempo afim de um cara sem chegar nele?"... Ela vive dizendo isso... Fala que gostava mais de mim quando eu dizia "Homem não me pega, eu que pego homem...", ou "Dou na primeira noite, sim, e daí?"... Mas a grande verdade é que eu nunca dei na primeira noite...

A minha primeira vez foi com um cara que eu não gostava, mas queria acreditar que sim... A gente namorava a três meses, e eu queria gostar dele, e me enganava, mas não gostava mesmo... Perto dele era tudo tão... Normal... E ele falava que se eu gostasse dele, eu faria amor com ele... E eu, na obcessão de confirmar que gostava dele, cedi... Mas a gente não fez amor, só trepou... Foi horrível e eu fiquei dois dias tentando me convencer de que eu tinha gostado... Não tentei convencer a ele, mas nem precisou porque ele não estava nem aí... Depois de três dias, ele me deu um pé na bunda...

Eu tentei chorar pra mostrar que estava triste com o fim do namoro... Mas não consegui, nem com as musiquinhas da Adriana Calcanhotto...

A Bia falou que não gosta de minha irmã... Eu acho que já sabia... Mas minha irmã pra ela nem fede nem cheira... A minha irmã gosta muito do Alfredo, e tenta me convencer a ficar com ele... Eles são muito amigos... Só que eu olho pro Alfredo e vejo uma réplica desse guri que me tirou a virgindade... Sem sal e insensível do mesmo jeito...

A Bia não vai com a cara da minha irmã porque ela é um pé no saco, mas ela acha que é por causa de ela ser amiga do Alfredo... Uma vez ela ouviu uma conversa nossa, e notou que a Beatriz o trata pelo singelo apelido de "Alfredo-Pau-no-Cu"... Ele é um porre mesmo...

Uma vez a Beatriz disse "Acho que esse tal de 'teu fofo' é gamado por você"... perguntei porque ela achava isso e ela disse que era intuição feminina... Esse papo de intuição feminina nunca funcionou comigo...

Mas eu optei por ir para o restaurante... E a Bia pegou o mesmo ônibus que eu... A festa que ela ia era no Centro também...

Esses momentos de ônibus são engraçados... Às vezes eu me imagino personagem de algum livro... Olho pras pernas do morenão no banco da frente e bem penso que ele podia ser meu par romântico... Algo mais romântico do que o sacolejar de um coletivo pessimamente conservado? NUNCA!

A Bia desceu antes de mim...Me deu um beijo na testa e disse que queria notícias do desafio dela... Não imaginei que ela estivesse tão interessada...

O Morenão tava de mãos dadas com uma loirinha peituda... Poxa, será que se eu fosse peituda eu conseguiria catar o meu fofo? Lembrei da Bia... "Será que ele curte gurias que dão na primeira noite?"... Pensei e ri...

Tava num clima de será... Queria tanto entrar naquele restaurante e dar de cara com ele... E dei... De cara com ele, digo... Mas não fiquei feliz, apesar de ter ficado muito feliz...

Ele me olhou, fez uma cara de "Iá, o que você tá fazendo aqui?" e riu... Pra mim...

Disse boa noite pra todos, menos pra ele... Que foi o único que não me disse que não iria naquela noite... Olhei pro Jão, que riu pra mim como se nada tivesse acontecido... Falou, poxa, que bom que você veio... Eu me senti traída pelos dois...

Mas que tola, eu... Quem eu sou?

Me perguntaram porque eu tava emburrada... Nem prestei atenção em quem foi, tava emburrada demais pra prestar atanção nisso... Só consegui dizer que não tinha nada, que é a única frase que a gente consegue elaborar quando tá de cu doce... E não olhei pra ele... Morri de vontade, mas não olhei pra ele...

Quase não comi, quase não falei... Acho que o clima ficou chato pra todo mundo... Dizem que elo falo demais... Aí o Meu fofo tirou um papel do bolso... Uns papéis... Eram uns bilhetes prum show do Hermeto... E eu adoro aquele cara... Ele disse que tinha três, e que ia convidar uma menina pra ir com ele... Aí eu levantei e fui pro banheiro...

FIquei chorando baixinho, sentada na privada... brincando com uns fiozinhos escassos de cabelo em minha coxa direita... Entendi tudo... Ele iria... O Jão iria com ele, como sempre... E aí ele ia levar outra menina... Aí eu lembrei... Um dia vi os dois falando de uma garota que eles tinham conhecido num ônibus mesmo... E que trocaram telefone... Ele falou que ela ligou no outro dia e que ficaram falando de música... E que a menina tinha namorado... Mas que queria ficar com ele assim mesmo... Mas na minha frente ele disse que nunca que ficaria com uma menina com namorado...

Acho que ele é um tremendo duas caras, isso sim... Defende a verdade que mais convém a ele...

Me doeu...

Ia saindo do baneiro e vi que ele tava em pé, e discutindo com um garçon... tinha dois bilhetes na mão, rasgados... E gritava "Você sabe o que fez, cara?"... E o garçon queria colocá-lo pra fora...

E eu fui me aproximando da mesa e o Jão olhava pra mim com cara de aflito... Não tinha cabeça pra entender nada... Sentei na mesa e ninguém prestou atenção em mim... só o Jão, que falou dos olhos vermelhos...

"Você tava chorando?", "O que aconteceu?", "Você tava chorando?", "O que aconteceu?", "Você tava chorando?", "O QUE ACONTECEU, PORRA?", e comecei a chorar como uma mocinha... Aí o Jão me abraçou e disse "Ô mocinha, o que houve?"

E o meu Ex-fofo gritava "...Intransigente! Você trata todos os clientes assim, colega?", e o garçon "Eu não sou teu colega"... "Quero outros ingressos ou a gente vai ter problemas com a casa, colega!", "O que é que você vai fazer, heim?"

Aí o Jão fez um carinho em minha nuca e disse, espera um pouquinho, tá?

Eu esperei e ele levantou e foi até o Garçon... "Eu não preciso bater na tua cara pra te mostrar que a gente não é cachorro do teu canil, né sujeito?", falou num tom de voz tranquilo... O Garçon falou algo como "Olha como fala comigo"... E ele disse que "Eu não sou teo colega e falo como eu quiser, vai me bater?"... O Garçon ficou desmotivado a gritar... Aí o Gerente veio...

"O que houve aqui?"... Aí o Garçon disse que o rapaz portava um bilhete de uma empresa lá, que ele disse o nome e que eu nunca ouvi falar... Parece que a empresa que foi contratada pra organizar o evento em que o Hermeto vai tocar é de um cara que também é proprietário de uma rede de restaurantes que é forte concorrente daquele em que estávamos... E parece que havia um regulamento sobre portar bilhetes de outros estabelecimentos ali... E parece que meu finado-fofo disse que não ia guardar porra nenhuma de bilhete... Aí a Carlinha disse, mas antes ele tentou conversar com o garçon, e o Célio contou que o Garçon ameaçou rasgar os bilhetes, e o Marcos desafiou o cabra... Aí ele pegou os bilhetes... E eles rasgaram...Aí o Marcos que era fofo gritou... E eu saí do banheiro...

Aí o Jão interrompeu o Garçon e sinalizou pro Marcos parar de gritar: "Olha, Amigo... Entendo que vocês queiram regular certas coisas que competem a vocês, mas esse bilhete deve ser reposto..."

Foi um grande engano, um incidente que será resolvido... Disse o Gerente... Aí o João Pedro disse que "O senhor sabe que tudo que isso não pode ser chamado é de 'engano'... Mas ainda assim confiamos que será resolvido...", olhou pro Garçon, e de volta pro gerente... "E tem que ser depressa"...

Às vezes o Jão acha que tá num filme ou seriado de TV... Aí fala como se fosse um super herói disfarçado de jornalista, ou um agente da CIA... Mas o jeito firme e manso que ele usa sempre surte efeito...

Aí aquela briga ridícula acabou, e o Meu Não-Fofo tentou inventar um assunto pra quebrar o clima:

"Caracas, tenho recebido umas cartas...", e falou que minhas cartas eram bizarras, e que não entendia nada, que era algum imbecíl que achava que ele tinha a obrigação de saber falar todas as línguas do mundo, e que ele não tinha paciência para aquela falta de nexo, e mais um monte de coisas que me fizeram segurar uma garrafa...

De repente tinha alguém me segurando e ele tava desmaiado no chão... Acho que acertei a garrafa na cabeça dele... E eu não lembro de mais nada... Na verdade não aconteceu nada... Ele ficou caído, uns ajudando ele, outros me atrapalhando... Nossa mesa de novo no centro do restaurante... Ele levantou e olhou pra minha cara... Falaram calma e ele perguntou se eu tava louca... Eu não sabia o que dizer... Minha pior noite... João Pedro me abraçou e pediu calma... Pediu calma pro Marcos que tava sangrando a testa... E gelo pro garçon... Outro garçon...

Marcos falou, com uma calma séria, mas linda: "Ana, o que foi isso?" Aí eu gritei que tinha escrito as cartas, e ele ficou olhando pra minha cara com cara de quem tava olhando pra cara de um cara que acabou de dizer que olhou pra cara do John Lennon ontem à noite no vestiário do parque aquático... Aí o João disse "Mas você não fala turco, Clau...", com uma cara de quem diz "Sempre preferi o Paul Mccartney...

"Turco?", Perguntei...

E o Marcos, "Porque levantou quando eu ia te entregar o bilhete?"... Aí eu consegui pensar alguma coisa... Pensei "O autor do livro da minha vida não é nem um pouco criativo..."

Aí eu tentei responder à pergunta dele... E soltei um monte de coisa... Sobre ele ter dito que não iria... Não ter ido me buscar... Sobre ter falado de minhas cartas... Até imbecíl eu virei na boca dele... Ele se aproximou... Como é? Aí o João, Como é?

Cochichou no meu ouvido que tinha avisado que ele vinha... perguntei "Quando, porra?", e ele disse, "oras, ainda perguntei se a Amanda tinha passado o recado"... E ela passou, gemi...

Então? Ao invés de responder, vc mandou recado dizendo que não sabia se vinha...

Mas eu tinha responddido, oras... Aliás, você já sabia que eu viria...

Mas e o que eu falei sobre o Mark?

Quê?

Aí o Jão conseguiu me convencer de que minha irmão é que tinha esquecido o recado... Eu, idiota, caí na hora...

Mas o Marcos veio tentar falar comigo e eu fechei a cara e pedi pra ele ficar quieto...

Aí ele disse que eu tava era fazendo por merecer o silêncio dele mesmo... Aí eu quase disse que ele não tava fazendo por merecer as aulas de francês, pra achar que aquilo era turco... Mas eu não conheço turco, né? Vai que é parecido... Celular tocou... A Bia...

"Fala Irmã" Disse "um instante" e fui pro banheiro... Ela perguntou como eu tava, eu disse que tinha acabado de rachar a cabeça do menino... E ela perguntou se eu tinha bebido... Aí eu comecei a chorar de novo... E ela disse que Tinha ganhado dois bilhetes pra ela e eu irmos no show do Hermeto Pascoal... Aí ela perguntou porque eu ri daquele jeito... Aí eu contei que tinha estragado tudo, e tentei contar como o fiz... Mas me embolei toda... Ela falou que confiava em mim, e que a noite terminaria bem... Mas ela me ajudaria mais se dissesse uma mentira menos bizarra... Nem ela mesma tava convencida disso...

Depois disso ela pediu pra eu desligar o telefone, que não queria falar comigo enquanto eu não resolvesse isso tudo... E eu fiquei com medo de sair dali... Mas a possibilidade do Rambô ser turco me abalou profundamente... Mesmo...

Voltei... Todo mundo sentado... Sentei perto dele, o Jão me cedeu o lugar... Cochichei, só o veneno, "Acabei de ser convidada pro show do Hermeto"... "Ainda tenho um bilhete, vai comigo?"... "Você não ia me chamar, ia?"...

Ele ficou parado, olhando pra mim... Disse "Eu te amo, mas não entra na minha cabeça que alguém consegue ser tão burra como você... A gente se esforça por..."

Aí eu bati na mesa e um copo de cerveja saltou longe, despejando um bocado nele...

Não preciso de CD's da Adriana Calcanhoto pra chorar agora...


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