Dos Pés à Cabeça / De norte a sul / De ponta a ponta / do início ao fim



Santa Gisella de Pádua, 17 de Fevereiro de 1982

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Querida Maria Amália,


Desculpe me por esta carta tão mal escrita, mas eu realmente não sei escrever cartas... Até mesmo por isso é que eu esou pedindo desculpas pela carta mal escrita logo quando começo a escrevê-la: Já sei que o resultado não será dos melhores...

Eu também sei que é muito pouco apresentável isso de começar uma intervenção com um pedido de desculpas, mas eu não ligo muito pra essas coisas... Você sabe, eu nunca fui do tipo de pessoa que quer ser "apresentável"... Gostem de mim ou não, sou isso aqui...

Você deve estar estranhando... Faz tanto tempo que eu não lhe escrevo, né? Mas é que hoje vi um papel lindo aqui, sobre a mesa de minha sala... Me deu uma vontade de lhe dar o papel de presente... Um presente pela pessoa maravilhosa que tu és... Estou escrevendo só pra não lhe mandar um envelope com um papel vazio... Não me cabe mais lhe mandar correspondências excêntricas como antigamentes...

Mas veja você, como é que o mundo dá voltas! Há algum pouco tempo (às vezes me parece que foi ontem!) estávamos por aí, de mãos dadas, a ocupar alguma praça ou algum restarurante, ou algum desses lugares que já nos conheciam tão bem... Como dois bobos apaixonados... E o éramos... Ou eu o era, ao menos... Mas hoje somos tão... Distantes... Tu tens o teu mundo, eu o meu... E cada um de nós vive a sua vida... E eu queria falar um pouco contigo sobre isso...

Sabe o que é? É que eu estou, como você já teve muitas oportunidades de notar, com uma outra garota... É um amor de pessoa! Gostaria que vocês se conhecessem, Iriam se adorar uma à outra! Garanto! Mas bem, como eu dizia, agora estamos juntos, eu e a menina... E eu a amo... Mas às vezes, quando você está por perto e ouve alguma de nossas conversas, lhe vejo fazendo algumas daquelas caretas que eu tão bem conheço (ou se não vejo, mas ao menos imagino que tu tenhas feito), e sei bem o que deve estar se passando pela tua cabeça... Mas queria lhe dizer isso, não por ter a obrigação de falar-lhe, muito menos por tu teres a obrigação de me ouvir dizer... Digo-lhe o que direi agora apenas por nossa amizade, por tudo o que eu sinto hoje pela minha menina e por tudo o que eu já senti por você... Por mais que eu lhe pareça repetitivo, como se estivesse dizendo pra ela as mesmas coisas que tantas vezes você me ouviu falar... Eu em momento nenhum estou mentindo para ela, nem nunca menti para você... Sempre fui sincero com os meus sentimentos... E posso te garantir, as coisas que eu digo a ela em momentos mais nossos, se você ouvisse, reagiria com as mesmas caretas que eu penso notar em tua face... Este sou eu... Esse é o meu jeito de amar... E eu amo a minha Garota sem máscaras... Da mesma forma que eu te amei sem máscaras...

Eu sei que tu deves ter sentido em meu jeito de agir algumas das coisas que, mesmo tendo aí as tuas caretas, tu sabes que são verdades natas... Também deve haver algo no meu jeito de agir que tu achas original, que lhe surpreende... Como eu sempre achei que houvesse... Mas eu queria lhe deixar isso, como já disse, bem claro: Eu realmente te amei, realmente sofri, como disse, quando acabamos com tudo, realmente quis (como quero, tu sabes) que sejamos ainda amigos, e se estou com essa menina hoje, é única e exclusivamente por gostar dela, porque ela me cativou, porque nós nos cativamos um ao outro... Nunca achei bonito se jogar nos braços de uma pessoa para apagar da memória as lembranças de outra pessoa... E nunca o fiz... Quando nós dois, tu e eu, nos separamos, eu, como lhe disse certa vez, ainda tinha muita vontade de que voltássemos... Disse uma vez apenas, também, porque queria que soubesses disso, mas não queria lhe atormentar com este fato... E se havia acabado pra ti, eu precisava arranjar um jeito de fazer acabar pra mim também... Mas quem cuidou disso foi o tempo... E eu até havia jurado (como se controlasse meu coração!) que nunca mais me apaixonaria...

Porque estou dizendo todas estas coisas? Simplesmente por lembrar-me bem do dia em que me viu com a minha garota pela primeira vez... Isso eu vi em tseu rosto e não foi mera suposição minha: Ficaste perplexa... E eu, que estava a beijá-la (a ela, não a ti), pude notar a tua reação de estranhamento... Estranhamento não, parecias chateada... E o primeiro pensamento que tive foi de que pensaste que eu tentava lhe fazer ciúmes... Juro que naquela noite não tive condições de dormir... Sim, porque, apesar de não estarmos mais juntos, prezo muito, como já tantas vezes lhe falei, pela nossa amizade... Eu não sabia o que passava por tua cabeça quando nos viste aos beijos naquele dia... Mas juro que não foi por você que aquilo tudo aconteceu... Até mesmo porque, além de já estarmos juntos há um tempo, sequer sabia eu que tu nos encontraria ali, naquele dia...

Fico até aflito, apesar de tranqüilo, em tocar neste assunto... Mas é porque, apesar de me tratar sempre muito bem, tu nunca me dirigiste a palavra quando estou junto de minha atual namorada... E sei que vocês duas , até hoje, sequer trocaram meros "ois"... Isso me preocupa... Nunca me disseste, mas há alguma mágoa tua quanto ao fato de eu estar com a mocinha? Porque eu lhe digo, e gostaria que sempre tivesses contigo esta certeza que lhe dou agora: O Nosso namoro só existe porque eu realmente a amo, e nunca, em momento nehum, tive intenção de lhe atingir... Muito pelo contrário... Eu quero é que tu sejas muito feliz, gosto muito do rapaz com quem estás hoje e sei que vocês têm muitas chances de darem certo juntos, como vejo que estão dando... Ele é rapaz direito, não avança sinal vermelho (falo por já ter pego com ele inúmeras caronas) e é muito preciso no bilhar, apesar de nunca apostar... E me emprestou, certa vez, uns discos dos Stones... Fiquei muito feliz quando soube que estavam namorando... Apesar de, naquela época, ainda gostar muito de ti, sabia que dariam certo... Na verdade, sempre desejei a tua felicidade, acima de todas as coisas... Aceitei ter te perdido por acreditar que você merecia buscar a tua felicidade... Eu não conseguiria viver feliz se tu estivesses triste do meu lado... E, ainda hoje, desejo muito a tua felicidade... Me importo tanto contigo que estou até lhe dando de presente uma belíssima folha de papel... Apesar do que o espaço nela já está acabando... Então não se importe se o que eu ainda vou escrever estiver em folhas de caderno...

Outra coisa... Preciso desabafar com alguém: Estou com uma encrenca tremenda... Lembra-se do Guilherme? aquele gurizinho magricela que vivia aqui em casa? Precisa ver como está hoje!!! Sei que deves nem se lembrar direito dele... Mas ele ainda se recorda de você... Me mostrou aquele poeminha que escreveu pra nós dois quando ele nos via por aqui, juntos... E ele tem escrito bastante... E escrito bem!!! Evoluiu em todos os aspectos... Inclusive está muito bonito, tem estudado bastante... E se mudou daqui desse pulgueiro de vilarejo em que eu moro... Mas eu sempre o encontro na Universidade, ele está no segundo peróido do curso dele... E pelo que me falam alguns colegas que ministram aulas no curso dele, tem se destacado bastante como aluno...

Mas não era disso que eu queria falar... É que eu, enrolado deveras, como você já me conhece e sabe que sou, peguei com o Gui um livro emprestado... É um livro bem legal, "O Menino do Dedo Verde" é o nome... Mas acontece que, no dia da festa de Sexta feira 13 (acho que tu te recordas, porque eu te vi lá na casa da Amanda durante a festa), quando sofri aquele acidente de carro, o livro dele estava no meio de minhas coisas e, como tu sabes, junto com meu carro, todas as minhas coisas se incineraram... O que acontece é que o livro tinha para ele valor sentimental, por ter sido o último presente de sua ex-namorada, que morreu... E tinha uma dedicatória lindíssima que ela havia escrito para ele...

Eu não sei como dizer isso a ele... Não tive culpa alguma... Nem mesmo no acidente tive culpa... Mas tenho aquele medo que você conhece (você conhece os meus medos, me fez confessar todos eles!)... Eu ainda piorei a situação... Ele me perguntou se o livro ainda existia, suspeitando que púdesse ter ocorrido qualquer incidente com o livro... E eu não tive coragem de lhe contar a verdade...

Gosto muito daquele guri... Me angustia lembrar que incinerei o livro que ele tanto gostava... E é um livro adorável... Li umas sete vezes seguidas antes de ele ter pegado fogo... E ainda foi-se aquele meu Laços de Familia... Mas o que mais me preocupa é que eu quase nunca me importo com o que as pessoas pensam de mim... Mas se eu gosto muito de uma pessoa... Eu me importo com a opinião dela como se acumulasse o que desprezes da opinião de todas as outras pessoas do mundo... E o Gui é mais do que irmão pra mim...

Aliás, Sendo sincero, se estou escrevendo-lhe esta carta, é por me importar com o que vc pensa de toda essa história... Estou lhe pedindo, por favor, entenda: Eu, como você pediu, deixei para o passado tudo o que houve entre nós, mas fiz como nós falamos que faríamos... Não vou abominar a nossa história por algumas coisas que não deram certo... Se ao seu lado eu fui feliz, e eu realmente o fui, não há como querer fingir que tudo foi triste só por ter acabado... O importante é que saibamos viver daqui pra frente... Eu com o meu novo amor, tu com o teu, mas, como haviamos jurado um para o outro, sem nunca deixarmos de lado essa nossa amizade...

Olha, há algumas coisas que eu gostaria de lhe dizer pessoalmente na próxima vez em que nos encontrarmos... Mas o que eu tinha mais vontade de falar mesmo, acho que está tudo aqui, nesta carta... Acho que vou parando por aqui, não sei se tens ainda a paciência que tinhas para estas minhas cartas imensas... Mas espero que gostes do papel que estou lhe enviando... E peço que repares, se isto já não lhe chamou atenção, na minha grafia... Consegui me livrar daquela letrinha miuda que, sem mais nem menos, incorporei depois que terminamos... Eu lembro que eras uma das que pediam que eu voltasse a escrever de forma mais legível... Espero que isso lhe alegre...

Mande um abraço para o Ronaldo, diga a ele que estou esperando a minha revanche... Ele vai saber do que estou falando...

Me desculpe mais uma vez, pelo inconveniente, mas precisava lhe dizer todas estas coisas para me sentir mais leve...

Que deus ilumine a tua vida! Beijos...

Do teu eterno amigo,

Carlos


Extasiada

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E o meu coração bateu mais forte...

Quando ele se deitou no meu colo, eu não soube o que fazer...

A cabeça dele pousava, lentamente, sobre minhas pernas... Eu sentia o mundo assim... Em câmera lenta... Eu nunca imaginei que um acontecimento tão besta fosse ter tanta importância para mim... Mas teve! Ele estava sentado a meu lado e, meio que de repente, decidiu deitar-se no banco... Sem interromper a conversa, ele pousou o corpo no banco em que estávamos sentados nós dois, e a cabeça em meu colo...

E o meu coração disparou...

Eu sentia ele me tocar de uma forma não tão formal como de costume, e acho que foi isso que me deixou tão alterada... Tão... Não tenho palavras pra descrever o que aquele momento me causou... Acho que ali eu estava sendo um pouco menos amiga dele... Um pouco menos meramente amiga dele...

Eu estava sendo um pouco mais sua mulher...

Mas pra ele parecia tão pouco... Ele simplesmente deitou em meu colo, como se nada estivesse acontecendo... e continuou a conversa... Continuou normalmente, como se realmente fosse algo desimportante...

E eu, enquanto isso, sentia o sangue correr mais quente em minhas veias...

Quando tive coragem de olhar para baixo, e notei que ele falava sem olhar em meu rosto, senti que ele sentiu que eu o fitava, e senti que alguma coisa no corpo dele queria fazer com que o seu rosto também se voltasse pera cima, para mirar o meu...

Mas estava muito... Muito daquele jeito que ainda não achei a palavra exata para descrever... E talvez estivesse vendo nos mínimos movimentos dele muito mais coisa do que realmente havia...

A verdade é que eu estava desesperada... Depois de algum tempo, que eu não sei se foram segundos minutos ou horas, a minha mão tomou o rumo de seus cabelos... As minhas mãos tomaram o rumo de sua cabeça... E eu tentei tocá-lo de forma suave, quase que imperceptível... Como a cabeça dele fizera ao tocar as minhas coxas... Mas minhas mãos tremiam... E eu não sabia se faria feio em voltar com as mãos depois de elas já terem ido... Acho que ele havia notado as minhas mãos...

Entrei em pânico...

Acho que ele não notou... Só virou a sua cabeça ainda mais pra lá... Foi até bom que eu tivesse menos riscos de ver o seu rosto... E que ele tivesse menos chances de ver meus olhos se enchendo de lágrimas...

Tem uma coisa que eu não lembro... Mas acho que a minha mão tocou o seu cabelo... E a outra, algum tempo depois, não sei quanto, tocou o seu rosto... Eu lembro que quando isso aconteceu a respiração dele mudou completamente... E naquele momento eu senti todo o ar mudar junto... Meio que sem querer, passei a respirar com o meismo ritmo novo que ele me imprimia... Ele me apresentava o ar...

Mas eu não sei se as minhas mãos chegaram a tocá-lo... Não sei se foram as minhas mãos que o fizeram mudar a respiração... Mas sei que, em algum momento de tudo isso, a respiração dele mudou, e ele parou de falar... Não sei se ele realmente perdeu as palavras ou se havia parado de falar por ter terminado de dizer o que tinha a dizer... Mas sei que parou de falar... E a gente começou a respirar junto... E depois, acho que foi logo, acho que não foi tão depois, senti a mão dele tocar a minha mão... Nem sei como foi... Mas foi horrível sentir o meu coração batendo tçao alto e tão forte e tão rápido e tão desesperado daquele jeito...

Acho que já não éramos mais apenas amigos...

Eu sei que não posso confiar em minha memória... Lembro de minhas mãos acariciando seu rosto e seus cabelos, apesar de não ter certeza alguma de que minhas mãos chegaram a completar o caminho até lá... O que eu posso afirmar é que as mãos deles tocaram a minha... E isso é confuso... Porque eu, por um momento, senti as mãos dele em alguma outra parte de meu corpo... Acho que eram as costas, ou as costelas... Isso eu não sei dizer, porque nesse momento eu tive aquela impressão de que ele havia se virado para cima, e agora olhava para meu rosto... Senti a mesma vontade que havia suspeitado notar nele... E o mesmo medo que julguei que pudesse nele ter havido... E disso eu me lembro muito bem... Eu olhei para baixo... E nossos olhos nos encontraram...

Ali eu soube de tudo o que eu não sabia descrever em cada coisa que ele sentiu, em todos estes momentos que eu descrevi... E senti que a mão dele tocava a minha nuca...

Sentindo que as coisas ao redor todas pareciam ficar mais leves (não sei se pelos olhares cruzados ou se pela respiração sincronizada), deixei me levar pelo comando de sua mão, e senti meu pescoço inclinando se em sua direção... E senti em seus olhos que ele também inclinava a sua cabeça... Senti que já não havia mais em minhas pernas pedaço nenhum dele, além de um pedacinho das costas... Acho que a sua cabeça levitava, como todas as coisas ao redor... Senti que tudo flutuava...

As crianças brincando no parquinho, os livros que eu carregava, o gari que limpava a rua, todas as folhas que sua vassoura levava... Tudo flutuava... Mas a cabeça dele parecia ter um destino certo... E, através de minha nuca, ele me comandava... Toda... E os seus olhos pareciam dar ordens... E pareciam pedir ordens...

E eu sentique as coisas eram tão leves ao reor que pareciam hostís... Senti que o mundo orbitava ao nosso redor, que nós dois, juntos, havíamos nos tornado o centro de tudo... Senti que o mundo passava a existir mais do que nunca... Ele passava a existir com ainda mais intensidade, ao redor de nossas decisões... E a minha decisão era me deixar levar... E a dele (que agora eu sabia ao tocar o seu olhar) era me levar exatamente para onde eu queria ir...

Naquele momento eu vi tantos momentos em que eu sonhava com tanta coisa que ewu pensei que nunca fosse acontecer... E todas essas coisas se resumiam, naquele momento, ao flutuar de um tudo que ele provocava... Com seus olhos em meus olhos e com sua mao em minha nuca...

De repente, senti a respiração dele em meu rosto, bem próxima, e notei que ele não fechava os olhos... Notei que estávamos tão próximos um do outro que estámos sendo um só... E finalmente nossos lábios nos uniram...

Ali tudo aconteceu de uma forma tão estranha... Vassoura, pássaros, crianças e gari... Tudo começou a, do alto de sua levitação suave, se aremassar contra as paredes... Se despedaçar durante o impacto e deixar de existir... Era o mundo que explodia ao nosso redor... Explodia o mundo e deixava de existir... Só havia uma coisa: Nós dois...

Acho que foi nesse momento que a sua mão em minha nuca virou um abraço... E eu já não sabia quem estava deitado, quem estava sentado, quem estava de pé... Já não havia mais chão para pisarmos, nem banco, nem nada... As minhas mãos pequenas acho que estavam também planejando algum abraço... E ele, ao manter-se olhando em meus olhos, me fez me manter de olhos abertos... E eu sentia em sua boca o gosto do alívio, e ele sentia na minha o gosto do desespero... Eu sei que sentia, porque eu vi em seus olhos...

E o alívio dele veio para saciar o que em mim era apenas desespero... Mas ficamos ali, nos sentindo e nos vivendo... E eu senti que também voávamos... E dessa vez sem haver pareces e sem haver hostilidade...

Éramos tudo...

Enfim, quando cessamos nosso beijo, senti meus pés tocando o chão... E me surpreendi ao ver que o mundo ainda existia... E que ele estava deitado no tal banco, que havia voltado ao seu lugar... Ele estava sentado, com o corpo meio inclinado para um dos lados, quase deitado... E eu estava por cima dele, com seus braços me enlaçando... um pela cintura, outro pelo pescoço... Nossos rostos ainda estavam próximos o suficiente para compartilharem de um mesmo calor... E eu tinha os braços sobre seus ombros...

Ele deve ter visto, através de meus olhos, a confusão que eu sentia ao ter vivido aquilo tudo, daquela forma tão... Tão de repente... Deve ter notado... E eu sei porque ouvi bem quando, usando uma voz tão serena e tão tranqüila que realmente só poderia ouvir alguem que estivessr deitada por sobre ele como eu estava, ele disse:

"Me desculpe"...

Então um de meus joelhos se apoiaram na mesa... Arrisquei uma postura mais ereta, pus o outro pé no chão e trouxe as mãos para sua cabeça... Dessa vez era eu quem comandava... Então trouxe mais uma vez seu rosto à mira de meus olhos, e minhas mãos, pequenas, ficaram escondidas em sua nuca e seus cabelos...

Antes de nos beijarmos novamente, eu ainda lembro, não tenho muita certeza, que cheguei a usar essas palavras:

"Eu te perdôo... Por ter demorado tanto"...


Eu mudo

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Tá... eu confesso...

Não, eu explico uma coisa antes de confessar: Eu sei que ela deve nem passar por aqui, pelo meu blog... Então eu aproveito pra falar aqui, porque é uma coisa que só ela vai conseguir entender com perfeição, e se ela não ler isso aqui, então posso confessar à vontade...

Também tem as letras, todas pretinhas... Talvez eu realmente creia que estou ludibriando alguém com essas fontes pretas... Mas aqui, tanto faz... As letrinhas coloridas também não são mmuito lidas...

Pronto... Me expliquei... Agora eu confesso:

Eu vacilei!

Eu não sabia como funcionava o tal programinha... "hum! telefonia gratuita?.. Vou precisar de microfone..."

A anta pôs créditos no celular e virou a noite fora, pulando roleta de ônibus e violando pedágio... Não comprou o microfone...

Mas a anta tinha futucado o tal programinha... E leu (em algum bendito canto que só nos aparece quando já não precisamos, quando ainda não precisamos ou quando precisamos MUITO que não apareça) "Bate-papo"...

Pensa a anta: "Deve ser uma referência a algum tipo de conversa instantânea"...

MSN Funciona? Não!!! MSN só funciona pra quem tem uma fadinha acampada em cima do gabinete do computador... E eu tenho que pensar seriamente nessa hipótese... Para mim é viável, visto que meu gabinete é vertical...

Enfim, a ausência a fadinha, cá e lá, fez com que cogitassemos a possibilidade do programinha...

Mas a nós, mudos, só nos resta ouvir...

Então é isso... Eu confesso que sou uma vítima das "Murphy's Laws"...

Ou talvez apenas um mero colaborador de sua manutenção...

Porque eu só achei o "bate-papo" do programinha depois que já não havia mais voz do outro lado...

Agora o mudo não tinha o que escutar... Só me resta ir atrás do Som racional do Tim...

Só não leio o tal do livro!!!



PS: Se você acha que entendeu, você está errado... Como eu disse, só ela pode entender com perfeição...
PS2: A parte do Tim, nem ela eu garanto que venha a entender... Nem eu, aliás...


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