Dos Pés à Cabeça / De norte a sul / De ponta a ponta / do início ao fim



A TALE OF NO ONE LOVE


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Ela veio falar comigo, mas eu não sabia o que dizer. Eu até sabia, mas me enrolava todinho. Eu pensei que ela fosse embora, atrás de outro cara, mais sagaz com esses lances de paquera, sei lá, mas ela ficou. Eu só sabia falar de uma coisa, ela atropelava com uns assuntos diferentes, eu tinha certeza absoluta de que aquilo nunca daria certo.

Na verdade, tinha nada pra dar certo não. A gente tinha acabado de se conhecer, era só uma guria papeando com um cara em uma festa. Mas eu não vou mentir que, na minha cabeça, eu não estava fantasiando centenas de possibilidades, de chances.

Ela não era das pessoas mais normais não. Gesticulava bastante, tinha um pouco de álcool no sangue, acho que não era acostumada a beber não. Mas o papo dela tentava convencer de que ela tinha uma rotina de farras assim. Eu tinha dado só umas goladas em um vinho ruim pra porra, estava mais do que lúcido.

Eu achava que ela estava dando mole pra mim, mas na minha cabeça, uma vozinha dizia "larga de se achar, ela só tá papeando contigo, que motivo ela teria pra se interessar por ti". I ever heard this voice, e a história se repete: ela vai cansar de mim e vai arranjar outro cara. Eu vou continuar esperando um amor eterno, uma princesa encantada, uma história imaculada. Eu sou estúpido assim desde novinho.

Eu só falava de Villa Lobos, de Morte e Vida Severina, da Cássia Eller. Ela fingia estar interessada, ou estava, sei lá, mas falava uns trecos que não tinham nada a ver. Eu fingia estar interessado, ou estava, sei lá. É que é difícil estar à vontade em um papo em que você acha que a outra pessoa tá falando de outra coisa, pensando que é daquilo que você tá falando. Mas ela gostava da Cássia, comentava bastante, apesar de ter dito umas coisas que não condiziam, esses papos de biografia mesmo. Mas foda-se isso, né?

Daí a gente descobriu um gosto comum, pintura. Ela era ligada nesses caras da Escola de Paris, os impressionistas. Ficamos um bom tempo papeando. Ela me disse que pinta, eu falei "que bacana", e ela "Cê acha", daí eu falei que sim. Aí ela falou "Cê tem uma boca bonita", e eu mudei de cor. Aí ela pegou e me deu um beijo. Aí o resto da noite foi mais igual ainda a todas as outras histórias de festa.

Depois disso a gente se viu umas vezes, de dizer oi. Mas ela não era minha princesa encantada não. Eu acho.


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