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VINCENT WILLEM, FRIEDRICH WILHELM AND ME!


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É que eu tenho medo de me matar, feito Van Gogh, meu herói de infância, ou morrer de Louco, feito Nietzsche, meu novíssimo herói. Eu fui redescobrir a biografia de Van Gogh, agora, pra descobrir que ele tem muito a ver com o alemão, que eu já vinha descobrindo, e que a biografia dos dois me causa o mesmo efeito. A de Nietzsche, agora, do mesmo jeito que a de Van Gogh há uma década, se não mais. E eu, aos oito, nove anos, conhecia menos do mundo, mas era mais desbravador por não achar que conhecia tanto. Crescer pode ter me dado a base pra ver Nietzsche e rever Van Gogh de forma mais sensata, ou pode me ter fechado os olhos, para vê-los de modo arrogante. A obra de ambos me encanta e, apesar de hoje (digo, na contemporaneidade), Van Gogh ser muito mais unânime (como se unanimidade permitisse gradação) do que Nietzsche, a este nível de obra mesmo, eu acho que ambos são mal compreendidos. Ambos foram ignorados pelo mundo, por seus respectivos mundos, em vida, e hoje são adorados, quase unânimes, mas me parece, na minha humilde e tola opinião, que as pessoas ovacionam muito mais do que o que partilham na leitura das obras de ambos. É sinal de cultura, de bom gosto, de refinamento olhar pra uma reprodução de Van Gogh na parede e dizer "Que lindo, é Van Gogh!", mesmo que seja apenas um sentimento de beleza construído sobre o pre-conhecimento daquela mistureba de cores, que se fossem desconhecidas, não passariam, para aquele sujeito, de uma mistureba de cores, mesmo. E os olhinhos brilham de verdade, o brilho nos olhos não é fingimento.

E aí eu ouço todos falarem de Nietzsche, um cara que eu nunca li, mas de quem todo mundo fala. Quem é esse cara? Pelo que falam, é odioso, odiável! Uma figura típica do academismo prepotente que nos tem sido câncer social. Alguém que eu até imaginava que nem merecia a minha leitura, nem mesmo a minha tosca e efêmera leitura. Mas volta e meia eu ouvia dele, coisas que pareciam construtivas, sagazes ou pelo menos instigantes. E isso me interessou! Existem dois Nietzsches? Eu fui ler pra descobrir que não! Existe um Nietzsche, e algo que é chamado de Nietzsche por aqueles que acham mais importante decorar suas frases e a soletração de seu nome do que dar a devida seriedade ao que ele nos deixou. Eu descobri o quão linda era a obra de Nietzsche e, empolgado como só eu, não conseguia dividir a minha empolgação com quase ninguém. Todos o amavam com o amor dos soletradores (que eu não conseguia captar como válido e só podia cometar com ironia, na tentativa de não ser hostil), ou o odiavam com o ódio que eu tinha, o dos que poucoligam se é Nietzsche ou Níte.
Vincent Willem, Friedrich Wilhelm and me!


Dia desses bateu saudades de Van Gogh, da época em que eu respirava cores, achava que um dia pintaria o mundo, dessas coisas de infância, o lado bom dela. E lendo história de vida, de obra, as cartas, os boatos acerca, fui sentindo o que eu não lembrava que sentia, a identificação. Só que com uma sensação nova, uma de "Céus! Foi assim com o Nietzsche também!". Foi com o Van Gogh que eu descobri que me identifiquei com a personagem Friedrich Wilhelm Nietzsche, porque relembrei o que eu senti quando conheci a personagem Vincent Willem Van Gogh e percebi que tinha sentido isso recentemente, em outra descoberta, a descoberta da arte Nietzschiana, que eu ouso chamar de arte porque a vejo assim. E fiquei remoendo essa informação, essa sensação, até que a ficha me caiu.

Como Nietzsche e Van Gogh, entre outros, hoje adorados, hoje reconhecidos como geniais, não foram devidamente agraciados pelas honras de seus trabalhos? Ficaram pra história? Sim! E isso é lindo, mas o reconhecimento que eles mereciam (E SIM! Eles mereciam!), não tiveram. Isso é angustiante, eu vejo tantos bons artistas, pensadores, gênios, entregues ao ostracismo, tantas celebridades descartáveis ganhando o brilho dos holofotes. Será que não tem algo errado aí? E não é só de reconhecimento do grande público, suas vidas pessoais, a nível de amizade e amor, foram conturbadíssimas, sem a felicidade de fim de conto infantil com que todos sonhamos. E eu não acho isso justo. Acho assustador. Eu quero ser tão genial como os dois, quero por vaidade, no sentido de ter o sucesso como objetivo. Na verdade o sucesso não me é objetivo, mas quando eu penso no assunto, no reconhecimento, eu acho SIM que eu deva querê-lo, e eu não quero morrer apagado, só pra ficar na história um dia, quem sabe. Eu não quero uma vida cheia de chagas, vazia de afetos, ou cheia de afetos chagais (me permito a invenção da palavra, se ela ainda não há), e temo que este seja o meu destino.

O que penso é, se o destino é algo que a gente trilha ou se independe de nossos atos, de nossa vontade, veio pronto pra gente, como um suéter que se vista no frio, que aperte nos pulsos, na cintura e no pescoço. Será que Nietzsche e Van Gogh viveram pra ser o que foram, pra sofrer o que sofreram, ou será que tinha que ser assim e simplesmente foi? Será que eles tiveram de viver as chagas como conseqüência de suas genialidades ou âmbas as coisas, chagas e frutos, são mera construção do acaso (ou de um destino muito bem tramado e nem um pouco dado a acasos?)

Eu penso que não há causa, não há conseqüência, mas também não há destino. Há o injusto fim envolto por chagas, que lamentávelmente ambos tiveram e que eu temo, que eu não quero ter, e há a beleza das mensagens destes dois artistas, pensadores, há as obras apaixonantes destas duas personagens apaixonantes, que me encantam e me inspiram vontade de continuar.

Salve Van Gogh, Salve Nietzsche, Salvem-me!


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